quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Antes Aedes do que Aécio

 
          
    
         Os fracassos dos candidatos tucanos de São Paulo nas três últimas eleições presidenciais brasileiras fizeram com que Aécio Neves da Cunha, senador por Minas Gerais, despontasse como opção do PSDB para a sucessão de Dilma Rousseff.  Uma excursão de três minutos pelo blog seria suficiente para o leitor mais desprovido de malícia calcular o que penso sobre o tucanato.  Ao invés disto, proponho aos que dispuserem de tempo uma consulta a três páginas, cujos links seguem abaixo, que combinam informação e sarcasmo na desconstrução deste eterno herdeiro de um rei que não chegou a ser coroado.  As "vítimas domésticas" de Aécio Neves, sem dúvida, terão eficácia muito superior à minha na tarefa de apontar os atos falhos recentes de seu algoz:        

http://aecionevesnao.blogspot.com.br/

http://foraaecioneves.dihitt.com/

http://aecionevescensurado.wordpress.com/
      
 
         Entretanto, não me abstenho de acrescentar uma contribuição pessoal  ao trabalho destes grupos Neves Never.  Um slogan hoje meio esquecido alertava para os riscos de se confiar em maiores de trinta anos.  Antes desta idade, Aécio, que veio ao mundo em 1960, dava indícios do que se tornaria a curto, médio e longo prazo: um típico representante da política tradicional, no sentido mais pejorativo em que se emprega tal expressão. Fazendo uso de outro bordão surrado, podemos defini-lo como mais um "novo que já nasceu velho".  
        Recorro, como de costume, ao programa de digitalização de periódicos da Biblioteca Nacional, desta vez visitando as edições do Jornal do Brasil, na busca (fácil, diga-se de passagem) das incoerências e deslizes de Aécio Neves. A edição de 22 de janeiro de 1988 mostrou-o posando de progressista, como um dos integrantes do grupo pemedebista que efetuava articulações para impedir a concessão de mais um ano de mandato ao presidente José Sarney.

 
 
      Porém, em meados do ano, mais exatamente em 3 de junho de 1988, o articulista Ricardo Noblat noticiou que o neto de Tancredo trocara seu voto, na véspera, por verbas da União para a Universidade de São João Del Rey.  O jovem Aecinho, a partir deste episódio conhecido como Aecinco (cinco anos para Sarney), teria também cedido a chantagens do governo federal.
 
 
 
      No dia seguinte, Aécio confirmou de maneira envergonhada a manobra mercenária, anexando à sua "justificativa" o argumento pouco convincente de que votara em favor da estabilidade política do país.
 
 
 
 
             Menos de três meses antes, em 18 de março de 1988, o jornal já havia exposto a voracidade e o fisiologismo do deputado, que na qualidade de sócio de emissora de rádio se opôs a uma proposta de Arthur da Távola que visava impedir que políticos recebessem concessões de rádio e televisão na vigência de seus mandatos.    
 
 
 
       Ainda em 1988, o colunista social Zózimo Barrozo do Amaral (1941-1997) acusou Aécio Neves de aderir ao governo em troca da perspectiva de um excelente emprego para seu pai, Aécio Cunha. 
 
 
 
      Ninguém ficará surpreso, portanto, ao ver (ou recordar) no JB de 22 de novembro de 1989 que Aécio, no segundo turno das eleições daquele ano, apoiava a candidatura presidencial de Fernando Collor de Mello. 
 
 
 
           
       Dois meses mais tarde, em 25 de janeiro de 1990, o pessedebista mineiro ficava inteiramente à vontade para dizer aos colegas de partido pouco dispostos a sustentar o governo Collor: "Quem não estiver satisfeito pode se retirar".
 
 
 
 
       
        Ninguém se espantará também ao localizar Aécio, em 18 de agosto de 1992, entre os desertores da nau collorida.  O antigo aliado agora se transformara em "mau exemplo", como se o tucano,  político em tempo integral desde a pós-adolescência, não soubesse quem era Collor dois anos antes. 
 
 
 
              Encerro o levantamento com uma matéria de 8 de junho de 1992, na qual notamos que Aécio Neves, que certamente produzirá em 2014 muitas horas de discurso vazio "em prol da ética", teve entre os patrocinadores de sua ascensão política em Minas Gerais o então prefeito de Belo Horizonte Eduardo Azeredo,  apontado alguns anos depois como chefe do esquema conhecido como valerioduto ou mensalão tucano.
 
 
 
 
          Entre todos os pré-candidatos conservadores à Presidência, Aécio Neves, mesmo que deixemos de lado, como assunto alheio à administração pública, os boatos escandalosos acerca de suas noitadas cariocas, é o que melhor associa a política "profissional", fisiológica, ao reacionarismo.  Em suma, é o pior.  Compartilhem, reproduzam, acrescentem outros dados para mantê-lo o mais longe possível de Brasília.  Seria mais nocivo, de fato, do que uma epidemia nacional de dengue.  
 
 
 
 

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